Que venham seus olhos, suas mentes, suas vozes e através de suas interpretações modifiquem minhas intenções iniciais.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Baseando-se

Estava tomando umas cervejas na Livraria Café e Cultura conversando com algumas pessoas que conheço há pouco tempo ( e que não duvido que se tornarão meus amigos) e entre os diversos assuntos começamos a falar sobre a bíblia e o fascínio que este livro ainda exerce sobre as pessoas, o assunto foi fluindo até chegarmos ao livro bíblico chamado Cânticos de Salomão - ou Cantares de Salomão dependendo da bíblia-, neste livro, Salomão simplesmente declara-se de várias formas a uma jovem sulamita ao qual está apaixonado. Devido ao conteúdo muitas vezes sensual as igrejas em geral ignoram este texto bíblico não fazendo menção ou a sua leitura. Logo lembrei-me que por volta do ano 1996 escrevi um poema baseado no livro escrito pelo sábio rei e este poema foi o único que redigi tomando como base um outro texto. Decidi posta-lo sem fazer nenhuma alteração, então segue:

Baseando-se

Quero todos os beijos possíveis de sua boca
Descansar à sombra desse amor
Quero sustentar-me com os frutos da árvore da paixão
Preciso da sensação de ter minha esquerda envolvendo sua cabeça e a direita sua cintura

Ouve minha vós chamar em dia chuvoso
Atende-me com vontade
Busco a mais nobre emoção
E a distribuo com meus lábios nos seus

Tua voz toma forma em meus ouvidos
Mentalizo as palavras
Possibilito imagens
Em fim a verdade é imaginável!

Te amo com minha alma
Minhas forças vão além
Percebi com sua presença
Que tua alma tem poder

Com meus olhos vi os seus por traz do véu
Não vi mais perfeita combinação
Suas têmporas, seus dentes, seu pescoço...
... o pescoço semi escondido pelos cabelos longos e brilhosos

Você tirou o véu
Concentrei-me em um dos seus olhos
Senti meu coração palpitar
Apenas um dos seus olhos foi capaz
Mulher você é exata!

Você era um jardim selado
Aproximei-me então
Você deu adeus aos seus mistérios
Abrigou-me com interesse
Perdendo algumas intimidades

Então disse-me com voz branda e determinada:
“Entre meu querido no meu jardim e coma de seus frutos seletos”
Não exitei e fui feliz
Por saber que seu jardim agora me pertencia
Bebi e me embriaguei com expressões de afeto

Agora aqui deitado ao seu lado
Vejo envolta de seu corpo despido
Suas vestes
Que parecem tão simples
E destacam-se tanto quando estão em seu corpo

Percebo agora que há magia em ti
Imagino-me bem melhor
Do que antes que não podia te abraçar
Vivo á sombra da paz
Que vem da mulher que é minha dona!

sábado, 28 de novembro de 2009

Sonhar

O cansaço que tempera a vida
Determina a autopreservação de saber quando parar
De saber que não se pode fazer tudo
Que as horas do dia não acompanham as necessidades cotidianas

O ócio me enlouqueceria
Principalmente o ócio que eu poderia ter, ou seja, o ócio sem grana
Vou pensar no ócio endinheirado, abastado, vou sonhar...

Compraria atividades
Viagens, mergulho em mares cristalinos, cerveja belga gelada (deveria pensar em champanhe)

O dinheiro determina o comprimento dos braços
E onde eles poderão alcançar
Os sonhos são o início para conquistas
Ou o caminho para frustração

Visão capitalista sem paixões
É fácil abrir mão da segurança quando se é um herdeiro
Ter da morte
O respaldo
Para não deixar de arriscar, de ter sonhos, de contrariar

sábado, 17 de outubro de 2009

Sem sobrenome

A família de onde veio
Apesar de todas anuências e proibições
Que constituíram o adulto que hoje é
Não importava agora.

Cantava a capela e era aplaudido,
Por quase todos!

Quando se apresentava, dizia apenas o primeiro nome,
(de origem germânica)
E o sobrenome
Que realmente demonstrava sua origem
Ele omitia

Seu nome curtinho
Sobrava na mente dos ouvintes e logo desaparecia
Ignorado, o prenome,
flutuando no ar ia se juntar e matar a saudade do amigo...
O sobrenome

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Solitário Infinito

Sou um solitário sem fim
Da solidão sou o jardim
Sobre o solo fértil da minha epiderme
Inserem-se as raízes dos sentimentos que sozinho plantei
Sentimentos que nesse inverno,
Demonstram-se secos em galhos vazios
Galhos que florirão na próxima primavera
E se reproduzirão em outros que descansarão em suas sombras,
saborearão de seus frutos,
marcarão erroneamente seus nomes nos caules

Sou solitário sem fim
Desde o meu nascimento é assim
Laços desatados com facilidade
Não aprendi a dar nós de marinheiro
Os abraços que recebo duram menos que deveria
As visitas rápidas não chegam a incomodar
Dos grupos fechados me vejo de fora
Na roda de amigos não sou uma fração


Sou solitário sem fim
Tal solidão embrulharam pra mim
Papel de seda, fita vermelha
Elo único de uma corrente imaginária
Peça rara sem encaixes visíveis
Engrenagem à procura de uma máquina
Dos crimes sou testemunha e não cúmplice
Os segredos que sei ninguém me contou
As novidades o espelho indica
Minha sombra única seguidora
Que me abandona na ausência da luz

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Se sempre

Nem sempre a ternura antecede um sorriso
Nem sempre a visão indica o caminho
Nem sempre os sentidos auxiliam o corpo
O choro faz um olho imitar o outro

Nós somos só uma fração se comparados ao tempo que passou
O erro é conseqüência do tentar
Quando ignoramos algo de bom que nos é oferecido
Uma lacuna se abre em quem nos ofereceu
E neste o mal pode se infiltrar

Se meu sol iluminasse seu céu
À noite, as outras estrelas mais distantes não deixariam que você me esquecesse
A lua minguante seria seu sonho incompleto
E modificaria o seu despertar
Tal qual ocorre com a maré

Um homem abriga vontades, desejos
Mas é a mente que cria e armazena
O coração é só o soldado que fica na linha de frente da batalha
Vulnerável ao primeiro tiro

Nós recebemos manifestações e acabamos por filtra-las
E muito do que deveria ser percebido em essência
Perde-se em tal proteção

Nem sempre podemos mostrar coisas de compreensão difícil...
Coisas improváveis, como a bondade que meu egoísmo esconde, minha incerteza distancia

Nem sempre a aparência camufla a verdade
Nem sempre a experiência traz novidades
Nem sempre quem espera fica parado
O sonho é fato dormindo e tão distante acordado.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Alma em Preto e Branco

Um contato de adeus, ...
... até logo...
Um longo caminho à frente
Entre a trilha de terra pisada
Um olhar para traz
As mãos vão tocando pétalas de flores
Camélias, margaridas
Um toque suave sem danos a elas
O corpo vai vencendo o espaço
Arrastando com dificuldade o passado
Como um lápis sem ponta
Que estica sem perfurar um pedaço de plástico
Carrega-se a dor do que não foi, do que seria,
juntamente com o que agora é
As coisas boas que não se pode ter, só lembrar
Um horizonte lindo à vista
Uma mistura de azul, com a vermelhidão da aurora
E um par de olhos castanhos
embutidos em um corpo de alma preta e branca
na solidão.

domingo, 26 de abril de 2009

Desrespeito

Eu tive um sonho
Azul era o sonho
O céu visto em sonho
Com o verde mar
Ou azul mar
Junto ao sol livre
Pois o azul céu despiu-se de nuvens
E fez-se contemplar por um par de olhos castanhos
Que lembraram daqueles olhos verdes, ou azuis
Que em outro dia de céu claro
Foi registrado e imperfeitamente eternizado
Para sempre me visitar
Neste instante que o meu pensamento
Desrespeita minha saudade

Otimismo, reflexão e lágrimas

Um pensamento triste bloqueia o sorriso?
Desvie a mente para caminhos alegres!
Revigore o bem, sustente-o!
A finitude do bem não deveria trazer temor...
...pelo menos agora
Essa alegria que te toca
Já esteve distante
Como distante está de outros
Privilegie este instante
A dor como sempre terá sua vez
Só o fato de citar a dor
Comprova sua existência
Os arredores mostram sua proximidade...
...a visão da janela, todo esse cinza, este concreto
Estes mendigos disputando sobras com os cachorros
Estas crianças sujas com expectativa de vida contrariando os dados do IBGE
Este rio poluído, moribundo e fedido
Este transito de guerrilha
Esta multidão de estranhos que se olham com desconfiança e temor
Aproveite amigo este instante de alegria!
Porque para mim, após estas reflexões...
...está difícil continuar...
desculpe...
não pude conter...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Cores

Vou falar de cores:
Branco e azul celeste
Um tufo de algodão?
Enrolado em um papel de terceira classe (antiquado e útil)?
Cabelinhos brancos!
Olhos de um azul vivo!

Os passinhos curtos, dificultosos
A pinguinha, o cigarro
Aos domingos, os mais novos
A faziam ouvir um som pesado

Ela se sentia viva
A musica trazia companhia
As poucas horas
Modificavam

Nessa altura
O tempo inventado por alguém
Traz castigo
Impossibilita o necessário

A vida se torna um trabalho
As próprias lembranças só vivem
Na boca dos outros
A pinguinha, o cigarro

O amanhã incerto (como sempre foi)
A noite não traz trevas
Só oculta a luz
Que não mais a cega

...à Anita, por ser inesquecível, a senhorinha que sorria para a juventude e se relacionava por igual, com poucas palavras e um semblante acolhedor.