Que venham seus olhos, suas mentes, suas vozes e através de suas interpretações modifiquem minhas intenções iniciais.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Manél

Manél, era como se chamava o sujeito aqui em questão. Seu pai, homem simples, tinha dificuldade em pronunciar o nome que a mãe exigiu, ou seja, Manoel e o escrivão sacana registrou o menino da maneira que ouviu o pobre senhor falar.
Manél, rotineiramente desce do ônibus, vai à padaria por volta das sete e quinze da manhã fria, pede seu café com leite e seu pãozinho na chapa de todo dia: Manél, antes de adoçar um pouco mais o pingado, pega a colherinha , tira a nata do copo americano, introduz a nata à boca - não percebe o olhar de reprovação da moça bonita que se encontra do outro lado do balcão -, depois dá um gole no café , submerge o pão no copo que absorve o líquido igual a uma esponja, em seguida, abocanha o pão inclinando o corpo para frente, deixando as gotas caírem ao chão sujo da padaria, com o dorso do punho limpa ( ou espalha ) a margarina derretida no canto da boca, puxa aquele guardanapo quase inútil que o estabelecimento oferece e lembra-se confortavelmente que sua esposa odeia o seu jeito de tomar café.
Manél, chega ao trabalho, bate o cartão de ponto, põe o avental, senta-se em sua bancada e começa o seu trabalho que se resume em separar kits com materiais utilizados no processo de montagem de diferentes produtos que a empresa fabricava, aquela tarefa era um mantra em sua mente: “Kit 1, produtos A,B e D para linha 4, Kit 2, produtos B, D e G para linha 11, Kit 3 ...
Chega a hora do almoço, Manél lava as mãos se dirige ao pequeno restaurante próximo à sua empresa e já sabe que de terça-feira o local serve virado à paulista: arroz, tutu de feijão, couve refogada, bisteca, torresmo, lingüiça frita, ovo frito e banana à milanesa, nas terças Manél dispensava a marmita que trazia de casa. Após o almoço, o cafezinho e ao invés das moedas do troco, pede um doce de amendoim, ele senta-se à sombra de uma árvore , saboreia seu doce, palita os dentes , fica a pensar na vida até sentir a vontade pontual de usar o banheiro, depois escova os dentes e retorna à rotina de seus kits acompanhado pelo sono que não o abandonaria nas duas primeiras horas pós-almoço.
Manél, se lembrou que a empresa lhe devia algumas horas e decidiu que iria usa-las naquele dia, conversou com o encarregado que permitiu sua saída, Manél ficou contente em quebrar a rotina, na saída da empresa encontrou um conhecido que lhe ofereceu carona, ele aceitou e foi para casa com um ar de satisfação. O homem o deixou a poucos quarteirões de sua casa, e Manél se deparou com um ambulante que vendia biju e lembrou que sua esposa adorava biju, então comprou um pacote e continuou seu retorno assoviando com um sorriso de satisfação no rosto. Ao chegar em casa procurou não fazer barulho para surpreender sua esposa e quem sabe dar um sustinho, só de sacanagem. Manél destrancou cuidadosamente o portão e caminhou até a entrada da sala, ao entrar ouviu alguns gemidos, apreensivo se dirigiu ao quarto e ouviu outros barulhos,com as mãos tremendo abriu bruscamente a porta e conseguiu ver a bunda do homem que em desespero pulou a janela. Sua mulher com respiração ofegante tentava se enrolar ao lençol, estava suada, com os olhos arregalados, sua pele brilhava. Manél encarou a adultera, foi se aproximando calado, de rosto fechado, jogou os bijus no chão, arrancou as roupas, puxou o lençol, subiu por cima do corpo de sua mulher, separando com rispidez suas coxas e penetrando com facilidade a vagina que ainda estava úmida. Manél fez sexo como não fazia há tempos. Olhou para o lado e viu a embalagem rasgada do preservativo que estava jogada no chão, logo pensou: “Pelo menos a maldita usa preservativo”.