Que venham seus olhos, suas mentes, suas vozes e através de suas interpretações modifiquem minhas intenções iniciais.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A casa da árvore

O concreto arquitetado
Por maquiagem de gesso
Pela beleza consagrou-se
Intacto foi mantido
Enquanto os arredores demoliram

A raiz centenária
Foi mantida no mesmo pátio
Por proteção da lei e bom senso
Os carros perderam uma vaga

Choram os fantasmas
Lágrimas mais leves que o ar
O vento cria sons
Entre telhas e galhos

A mão do operário construtor, não fará a reforma
O pássaro que transportou a semente
Não viu o crescimento fabuloso
Choram os fantasmas que perfuraram o alicerce

O respeito em manter
O que não precisa ser alterado
A necessidade de desfazer
Torna o futuro raso


* Este texto foi escrito há alguns anos, na época percebi que no estacionamento do então recém-inaugurado Shopping Internacional Guarulhos foram poupados uma árvore enorme e um casarão antigo e muito apreciado pela população. Na ocasião fiquei comovido com a atitude de não derrubar estes dois elementos de grande beleza. Mas não sabia que na verdade os proprietários do Shopping estavam tentando autorização para derrubar a casa e que no final de 2010 depois de anos de tentativas finalmente conseguiram! Jovens ligados a movimentos artísticos da cidade promoveram um protesto discreto em defesa da preservação da casa, o que não impediu que a ela fosse abaixo. Essa autorização está sob suspeita em relação à sua legalidade e está sendo investigada, mas infelizmente, mais uma vez, a história pouco valorizada de cidade foi desrespeitada e nesse caso destruída para abrir vagas a alguns carros, ou ainda, servir de demonstração do poder que algumas famílias ditas tradicionais ainda exercem em Guarulhos.